Na luta contra a Leucemia desde 2013, Raí Rodrigues, de 9
anos, conseguiu o que parecia mais difícil: uma doadora de medula óssea 100%
compatível - a sua própria irmã, Maria Raíla. Apesar de ter ao lado o que pode
ser a garantia de uma vida saudável, o garoto não sabe quando poderá receber a
nova medula. É que o Rio Grande do Norte não realiza transplantes desse tipo há
quase um ano. A família do paciente aguarda uma decisão judicial e busca fazer
a operação em outro estado, sem sucesso, até agora.
A mãe teme pelo tempo de espera. "Eu tenho medo do que
pode acontecer. Essa resposta que não sai. Todo dia fico esperando a médica me
dar uma notícia boa. O mais difícil Deus já me deu, que é a irmã dele,
compatível. A gente fica pedindo socorro, que alguém faça alguma coisa",
diz Fernanda Rodrigues.
A luta de Raí exemplifica as dificuldades pelas quais passam
muitos pacientes que aguardam um órgão. O Dia Nacional de Doação de Órgãos,
comemorado em 27 de setembro, é um marco importante principalmente para quem
depende de uma doação para poder viver bem. Atualmente, 44% das famílias de
possíveis doadores se recusam a doar.
Segundo a Central de Transplantes do RN, a retomada das
operações de medula óssea em crianças está dependendo da implantação de uma UTI
pediátrica, de acordo com as normas e critérios exigidos pelo Sistema Nacional
de Transplantes e Ministério da Saúde. Raí passará por consulta médica para que
seja encaminhado e realize o transplante em outro estado, mas o prazo para isso
não foi divulgado.
Conseguir uma doação de rim é o sonho da dona de casa Maria
do Socorro Pereira, de 60 anos. Ela tem que deixar o município de Canguaretama
três vezes por semana e viajar até Natal para passar quatro horas na máquina de
hemodiálise. "Eu gosto muito de viver, amo meus filhos e meus netos",
diz. Como ela, o estado tem cerca de 1800 pacientes que realizam hemodiálise
enquanto esperam doação.
Crianças como João Gabriel também precisam passar por
hemodiálise. Ele passa pelo mesmo procedimento, três vezes por semana, há nove
meses e ainda busca encontrar um doador. A mãe dele, Simone Campelo, torce para
que venha logo. "Para ele ter mais qualidade de vida", diz.
A médica Thaís Cruz explica que quanto antes for realizado o
transplante, maior é a possibilidade dessas crianças crescerem com saúde.
Porém, ela afirma que a fila de doações tem andado muito pouco no estado,
principalmente quando o paciente é menor de 18 anos. A solução, por enquanto, é
buscar tratamento em outros estados do país.
Do G1 RN.
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