Se o Governo do Estado não
encontrar uma saída para o atraso de salário dos policiais militares do Rio
Grande do Norte, alguns com 67 dias sem ver a cor do dinheiro, corre o risco de
enfrentar a pior crise da segurança pública da história do Estado. “A situação
da PM do Rio Grande do Norte é de penúria e o governador não demonstra sensibilidade
para entender o quanto nossa missão é imprescindível”, disse o presidente da
associação, Major Antoniel Moreira.
Em assembleia realizada hoje,
oficiais decidiram que dia 13(segunda-feira) ninguém sai às ruas fora o efetivo
determinado por lei. Nos quarteis, apenas oficiais de dia, armeiros e a guarda.
O grosso da tropa está convocada para assembleia em frente à rampa da
Governadoria. Carros com defeito, coletes à prova de bala obsoletos, munições
vencidas e coturnos sem renovação há três anos, serão mantidos na caserna. A
população vai ficar à mercê dos bandidos.
O anúncio feito pelo Governo do
Estado, de que haverá pagamento diferenciado em tabela própria para a Polícia
Militar não trouxe desdobramentos práticos. “Nada chegou para nós e não dá mais
para aguentar. Estamos muito próximos do caos”.
Coincidência ou não, o Major
Moreira é filho de oficial da Polícia Militar de Alagoas e lembra bem dos
acontecimentos trágicos de julho de 1997, quando houve confronto entre
policiais e demais servidores grevistas contra o Exército culminando com a
licença e afastamento do governador Divaldo Suruagy. “Não podemos subestimar.
Pode acontecer aqui o que houve em Alagoas, diante do quadro desesperador.
Lembro bem de um soldado que matou a família e cometeu suicídio por absoluta
fome”, lembro Moreira. Em Alagoas, nove PMs tiraram a própria vida durante a
crise.
O presidente da Associação dos
Oficiais narra casos bizarros. Em todos os batalhões, não há comida para
oficiais e praças e, num caso específico, em Barcelona, na Região do Potengi,
estourou a fossa do destacamento da PM e não há um centavo para consertar o
problema. “Hoje mesmo, um oficial me telefonou chorando querendo saber do
dinheiro pois está com uma filha doente e não tem dinheiro para medicá-la. Isso
é desumano”, afirmou o Major Moreira.
Ele prevê o agravamento da crise
caso mantenha-se a inércia oficial e revelou que, em contato com a Associação
da PM do Rio de Janeiro, soube que o Governo do Estado vem pagando aos
policiais da ativa, reserva e pensionistas até o dia 10 do mês subsequente, o
que tem mantido a tropa na rua. Se não houver acordo e o movimento explodir,
ele não pode dar garantias à população de que saia de casa do dia 13 em diante,
pois o limite dos policiais militares, “esgotou”.
Folha Regional via Blog do Cobra.
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